“Provar, provar, provar. É essa a receita: quanto se mais prova, mais se sabe”, conclui Dirk, que, sublinha, assim aprendeu sobre vinhos. Não é enólogo, nunca o quis ser, é algo avesso aos academismos. Fazer, ver, provar, falar — assim se apreende, daí o pequeno vício das provas cegas, ideais para “aferir” conhecimentos. Os filhos seguem-lhe os passos — os mais velhos para já, a caçula vive na Suíça com a mãe. À mesa, trocam cumplicidades em alemão, a sua pequena língua secreta, brincam às escondidas com as garrafas e com o vinho. Daniel, o mais velho, deixou este ano a Alemanha, onde estava a produzir vinhos Riesling em Mosel; Marco ocupou o lugar do irmão por lá, assumindo a gestão do projecto Fio Wines da Niepoort. A passagem de testemunho para a sexta geração faz-se assim, mesmo que o retrovisor ainda devolva as recordações infantis dos piqueniques que todos faziam pelo Douro, no meio da pedra, à procura de vinhas. “O meu pai”, diz Dirk, “nunca foi bom professor: atirava-me à água e eu ou aprendia a nadar ou afundava-me — é óbvio que provavelmente ele estaria lá para me salvar, mas eu não o via”. Está a tentar não fazer o mesmo, por muito que os filhos o temam. O primogénito já lhe confessou o receio. “Mas ele já sabe nadar”, diz o pai. “Se te atirar à água, tu saltas, nadas e até gostas”, rematou.